sábado, 14 de fevereiro de 2009

1999 - ESCOLA HISTÓRIA

Há dez anos, os primeiros dias de 1999 foram marcados pela ansiedade de encontrar um novo mundo. Um mundo diferente daquilo que antes eu vivia. E eu tinha a completa certeza de que teria uma mudança total em minha vida. Seriam novos hábitos, novos comportamentos, novas pessoas das quais eu iria dividir momentos inesquecíveis.

Essa ansiedade foi interrompida por um trágico problema familiar que durou por alguns meses e que a mão de Deus (literalmente) contribuiu para que tudo voltasse aos poucos à normalidade. Problema este que hoje só quero esquecer.

Agora, o que não quero esquecer foram os momentos incríveis e marcantes que paralelamente a esse infeliz ocorrido me acalmaram e por muito tempo depois me fizeram crer que estava dando um novo passo em minha vida.

Entre paredes de concreto cercadas do mais intenso verde, descobri que os ensinamentos da vida estavam nas coisas simples, na união, nos sorrisos, na música, no abraço do próximo.

Tratava-se de uma segunda-feira nublada com ameaças de chuva, típica de época do ano na cidade de Manaus-AM. Dezenas de jovens entre 13 e 17 anos encontravam-se concentrados e ao mesmo tempo dispersos, meio desconfiados, olhando um para o outro, sem saber que aquele desconhecido ao lado até o momento, iria se tornar o seu amigo do peito, o seu irmão e que você seria capaz de defendê-lo a todo custo.

Após um sinal com som de sirene, todos se dirigiram ao espaço de alguns metros quadrados que seria o abrigo cultural daqueles 40 jovens que depois foram se somando a outros e formando assim uma família. Esse mesmo sentimento do novo era sentido nos outros três espaços, que também foram preenchidos por mais 40 jovens cada um.

Aos poucos aqueles rostos que antes eram estranhos, foram se conhecendo, se descobrindo e cada cantinho daquele novo lugar era explorado, pois seria lá a segunda casa de todas aquelas pessoas.

Eu fazia parte desse cenário. Um ambiente onde era bonito ver diferentes classes sociais se juntando sem se importar pelo o que um tinha e o outro não. A amizade e o carinho pelo próximo falavam mais alto. As indiferenças eram defendidas pela camaradagem, mesmo que fossem em um salto ao vento para defender um amigo em apuros. As rodas de violão; a aproximação com a música; os mestres que se mostravam ao mesmo tempo amigos e atenciosos; os servidores que mesmo com caras de mau só queriam o nosso bem; os estudos em grupo; as festas temáticas; as rodadas de sorvete na estação de ônibus; as gincanas onde cada metro quadrado daquele que citei, disputavam um com o outro de forma sadia e divertida; as brincadeiras, algumas de mau gosto, é claro, mas que tinham apenas um objetivo: arrancar um sorriso no rosto de cada um.

Para a maioria, se passava mais tempo naquele lugar do que em suas próprias casas. Era o berço cultural, o berço da amizade, o berço da emoção. Embalados por um clima de harmonia e felicidade (tristezas também), esses jovens puderam conviver durante três anos um prazer para ser levado para toda a vida. Alguns ficaram no meio do caminho, outros se foram para outros lugares, mas cada um deixou sua marca, a sua lembrança, a sua paz.

E no último dia, já em 2001, quando o silêncio e o vazio praticamente tomavam conta daquele lugar, poucos ainda faziam questão de estarem ali. Olhando e guardando na memória cada pedacinho, fazendo uma espécie de retrospectiva - na mente - de todos os momentos ali vividos durante aqueles três anos. Algumas lágrimas caíram de alguns olhos, umedecendo a face que tanto sorriu. Era uma lágrima que dizia que encerrava ali uma etapa da vida que não voltaria, mas que o aprendizado e a formação estavam concluídos. Não somente uma formação escolar, mas uma formação pessoal, de vida, de caráter. Muitos entraram ali meninos e meninas e saíram homens e mulheres, mesmo que ainda como se fosse um bebê aprendendo a andar.

No ano seguinte, nada daquilo existia. Não haviam mais os velhos rostos, as paredes, as reuniões, as responsabilidades... O caminho agora era outro. Novas responsabilidades estavam surgindo. Contudo, nada fez separar e acabar com aquela amizade. Nunca foi possível reunir todos juntos outra vez. Mas, o certo é que a essência continuou viva e perdura até hoje, apesar da responsabilidade e da distância que, por muitas vezes, afasta em um cotidiano aqueles meninos de outrora.

A lembrança ainda existe. Dez anos se passaram e quando esses homens se reencontram, eles voltam a ser aqueles mesmos meninos que brincavam, se uniam e cresciam em um ambiente chamado UnED.



domingo, 1 de fevereiro de 2009

MEMÓRIA 80/90 - Nº 14

É com orgulho que posto a primeira edição do Memória 80/90 do ano. O de hoje foi inspirado em uma conversa que tive durante a semana passada sobre tecnologia e o rumo chegou aos games. Vamos a eles, então.



Falou em símbolo de tecnologia dos anos 80, falou em Atari. O vídeo game revolucionário, a sensação da garotada (de alto poder aquisitivo dos pais, é claro). O aparelho Atari 2600 (principal da empresa) chegou ao Brasil em 1983 e foi uma febre. Muitos de seus jogos são conhecidos até hoje. O console foi o pioneiro na venda de jogos separadamente por meio de cartuchos. A empresa fabricante lucrou tanto com a venda do game que a ganância subiu à cabeça de seus proprietários. Resultado: muitos funcionários, programadores e colaboradores que eram os maiores responsáveis pelo sucesso do jogo decidiram sair da empresa e se tornarem concorrentes. A concorrência aumentou e isso foi despencando as vendas da Atari. A qualidade dos jogos da concorrência era sem dúvidas superior. Além do mais, meio que obrigaram um dos melhores programadores a produzir um jogo em tempo recorde (a méda era de 5 meses) para chegar ao mercado no natal de 1983. O jogo foi um desastre e isso só contribuiu para a falência da empresa. Apesar disso, nada tirou o símbolo saudosista anos 80 do Atari 2600. Ah, qual era o jogo? E.T. the Extraterrestrial.



Por sua vez, o Odyssey, video game lançado pela Philips em 1981 (1983 no Brasil), foi um forte concorrente no auge do Atari. Seu formato parecido com os microcomputadores da época, por possuírem um teclado embutido, foi o grande diferencial. Mesmo não tendo o mesma popularidade do Atari, o console foi líder de vendas na Europa e popularizou no Brasil o famoso jogo Pac Man, conhecido por nós por Come-Come.



O início dos anos 90 foi marcado pelo sucesso do console Mega Drive de 16 bits, fabricado pela Sega. Seu jogo mais famoso era do personagem Sonic, um ouriço azul que salvava os animais de seu planeta. No Brasil, foi comercializado pela Tec Toy, fabricante de brinquedos eletrônicos. O Mega Drive colocou em definitivo no fundo do baú os outros games de 8 bits dos anos 80.



Para competir com o Sonic, eis que surge o Mario com o Super Nintendo - ou SNES- no ano de 1992, que foi o console mais popular dos anos 90, fazendo da Nintendo a líder do segmmento, chegando a vender mais de 50 milhões de modelos em todo o mundo. (O meu ainda está guardado em uma caixa). Todo esse sucesso contribuiu para que o video game se popularizasse com dezenas de opções de jogos de 16 bits até o ano de 1997 quando deixou de ser fabricado, dando espaço para os games de 32 e 64 bits. Mas até hoje, os jogos do Super Nintendo são muito queridos e procurados.

A tecnologia sempre nos surpreende. Um abraço e até a próxima.