Como vai visitante deste blog? Hoje eu venho falar de algo que está me incomodando nos últimos dias. Trata-se da mais recente notícia envolvendo o meio publicitário: a proibição da propaganda infantil.
A Câmara aprovou, no dia 9 de julho, o substitutivo do projeto de lei (PL) 5921/2001, que restringe a publicidade de produtos para crianças. Ou seja, segundo o texto da deputada Maria do Carmo Lara (PT-MG), fica proibida toda e qualquer peça de propaganda voltada para as crianças em quaisquer meios de comunicação. Além disso, está proibido também a veiculação de comerciais 15 minutos antes, 15 minutos depois e durante um programa infantil. Naturalmente, as crianças também não poderão participar de nenhuma peça publicitária.
Em virtude disso, outras proibições ocorreram esses dias. A outra é no que diz respeito à propaganda de alimentos. Para controlar doenças como obesidade e diabetes, o Ministério da Saúde propôs restringir a propaganda de alimentos como chocolates, salgadinhos, refrigerantes e etc. Agora eu me pergunto: até onde vai a premiada propaganda brasileira com essas proibições?
Tudo bem que a saúde é algo preocupante, mas é necessário analisarmos até onde pode ser considerado precaução e passa a ser considerado censura. A justificativa maior para esta proibição é que as crianças são alvos fáceis para o consumo, pois elas não conseguem diferenciar o conteúdo publicitário e não entendem o caráter persuasivo que a publicidade tem. Já foi provado que as crianças têm influência de 80% no poder de decisão das compras. Inclusive os shopping centers possuem suas estruturas planejadas para esse tipo de nicho consumidor, por mais que as compras sejam feitas por adultos.
Analisando exclusivamente o caso da proibição de propaganda para crianças, algo me preocupa bastante. Não é somente pelo fato do mercado publicitário ter um novo desafio pela frente e perder grandes contas, mas também no que essa proibição pode acarretar. Nem tudo é perfeito. Muitos sairão prejudicados com isso e acredite: as crianças principalmente. Por quê?
O que me preocupa com tudo isso é o futuro da programação infantil. Os meios de comunicação sobrevivem da propaganda. Anúncios e comerciais garantem a sobrevivência do rádio, revista, televisão e outros meios de comunicação. Qual canal de televisão vai querer manter uma programação infantil sendo que não se poderá mais anunciar nela? A programação infantil atual no Brasil já é precária. Nossas crianças não têm mais os velhos costumes das brincadeiras tradicionais, de ter a oportunidade de ouvir grupos musicais infantis entre outras formas de lazer. O refúgio das crianças de hoje se resumem à TV e a internet, uma vez que os pais da era atual são novos formadores de opinião e com escolaridade muito superior aos dos pais da geração antiga. Resumindo: estes passam pouco tempo com seus filhos devido suas ocupações profissionais. Essas crianças passando pouco tempo com seus pais, não encontram o conteúdo que fale a língua delas na TV. A programação infantil da Globo é medíocre. Outros canais possuem total ausência de programas infantis. Com essa lei, o SBT perderá a manhã inteira de publicidade, sendo que neste horário sua programação é exclusiva para as crianças.
A programação da TV e do rádio deixou de lado há algum tempo a atenção voltada para as crianças e agora com esta proibição de publicidade para as mesmas, vejo o fim prematuro da infância. Qual o futuro de canais de TV voltados para o segmento infantil? Qual o futuro de datas comemorativas que arrancam sorrisos das nossas crianças sem a publicidade para dar uma força? Hoje a criança está mais sujeita à sexualidade contidas em novelas, músicas, entre outras formas de entretenimento adulto. O que ela vai assistir ou ouvir, então? Certamente o conteúdo adulto.
Tenho quase a certeza de que é uma ilusão querer que meus filhos (quando eu for pai) tenham a mesma infância que eu tive. Quando eu relembro fatos da infância aqui no blog seja no "Memória 80/90", seja no "Poeira Publicitária"; faço ao mesmo tempo um protesto contra a infância perdida que nossas crianças estão sujeitas. Hoje é necessário uma melhor atenção por parte dos pais. As crianças de hoje não deixarão de ser grandes homens ou grandes mulheres porque elas um dia assistiram a um comercial de ovo de chocolate ou de seu brinquedo preferido na páscoa, no dia das crianças ou no natal. Por falar nisso, como vão ficar essas datas comemorativas? Tudo depende da forma como a criança é educada pelos seus pais, avós, irmãos... Muitas crianças que hoje entram precocemente para o mundo do crime e da prostituição não tiveram, antes de tudo, carinho e atenção voltada por parte da família. Agora culpar a propaganda por tudo isso é no mínimo irresponsabilidade da família e do Estado. O projeto em questão é inconstitucional.
O CONAR (Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária) preferiu não se manifestar sobre o assunto e a liberdade de expressão foi o tema mais discutido no IV Congresso Brasileiro de Publicidade que aconteceu semana passada em São Paulo. O projeto passará pela análise da Comissão de Constituição e Justiça e, caso seja aprovado, vai para votação em plenário. Propaganda é sinônimo de desenvolvimento e os hábitos de consumo de uma nação são resultados de uma propaganda eficiente e que, conseqüentemente, alavanca a economia de um país.
Que é necessário um controle maior para anúncios do público infantil, isso eu não tenho dúvida. Agora banir de vez os comerciais para este público e deixar de utilizar as crianças em ações publicitárias é um processo retrógado. Quantos comerciais não ficaram famosos e inesquecíveis porque crianças fizeram parte deles? É lamentável.
Segundo o programa de postagens deste blog, semana que vem é a vez do quadro "Poeira Publicitária" e eu farei questão de postar aqui alguns comerciais que fizeram sucesso com crianças atuando. Tenho que aproveitar enquanto a censura não toma conta de vez deste país e comecem também a tirar blogs como este do ar.
Um abraço e até a próxima.
6 comentários:
Alex, nobre amigo,
SAUDAÇÕES!
Genial seu post dessa semana... diria um manifesto de indignação e a exposiçaõ de um ponto de vista publicitário competente e engajado...
Acompanhei pelos jornais os manifestos do Conar resultantes desse último congresso... e concordo com o ponto crucial ressaltado: Propagandas não são a causa de um coma alcóolico de um adolescente, nem da irresponsabilidade de um motorista que dirige embriagado... esses são problemas de consciência... mas vamos ao comentário sovre a propaganda direcionada ao Público Infantil...
Concordo que algumas restrições poderiam ser impostas, mas abolir completamente as propagandas causará o definitivo abandono da programação infantil...
Jah parou pra pensar q "Priscila e Yudi" não mais poderão torcer pelo prêmio escolhido por seus telespectadores/jogadores... sim, pq entoar o mantra "PlayStation, PlayStation, PlayStation" pode ser encarado como uma propaganda, q induz a criança q assiste ao programa a atormentar seus pais pedindo insistentemente um PlayStation II de presente (meu irmão, por exemplo, kkk)...
Enfim... sem contar q a participação de criança em uma campanha publicitária causa extrema comoção... será q isso se extende aos comerciais ditos "educativos", de conscientização, filantropia, etc..!?
Além disso, jah pensou em quantos talentosos atores mirins NÃO SERÃO DESCOBERTOS por causa desse veto às propagandas com crianças??!!?!?
São muitas coisas a se pensar... e espero q nosso legislativo pense em outra coisa q não aumentar seus salários e abonos...
Abraços,
Ateh a próxima...
@=)
Salve Quixote!
Rapaz, bem que você me disse que estava empolgado enquanto digitava estas linhas, rs.
Realmente esse tipo de conduta nos faz pensar se realmente os "Órgãos responsáveis" estão direcionando seu tempo, e o nosso dinheiro, na solução dos problemas reais.
Por outro lado... Entendo que uma das conseqüências é que haverá menos exploração da infância "artística". Quantos pais por aí não exploram o talento de suas pequenas crias, transformando-os em pequenos adultos, estressados desde cedo, sem ao menos ter a chance de brincar na rua, soltar pipa, jogar bola, sem sofrer do assedio de fãs que eles nem sabem de onde surgiram.
Sem dizer que suas rendas servem para bancar os caprichos dos pais.
Tudo bem, isso pode não acontecer em muitos casos, mas ouso dizer que ocorre na maioria.
Depois nos mostrar as "antigas estrelas infantis", que na decadência do "crescer" se perderam nas drogas.
É complicado...
Abraço nobre amigo!
olaaa
saudades de quando eu conversava sobre publicidade principalmente nas aulas de etica que Deus tenha nosso professor...
abracos aqui da alemanha
carlos montefusco
olaaa
saudades de quando eu conversava sobre publicidade principalmente nas aulas de etica que Deus tenha nosso professor...
abracos aqui da alemanha
carlos montefusco
Cada um defende seu ganha pão e não acho errada sua indignação... Afinal, se meu trabalho fosse, de alguma forma limitado, eu certamente não gostaria...
Mas preciso admitir que concordo, por dois motivos, com essa lei. Primeiro porque nunca gostei da manipulação infantil grosseira que via em muitos comerciais... Se é fácil persuadir um adulto a comprar alguma coisa, mais ainda é convencer uma criança de que ela precisa disso... E quem arca com as conseqüências são os pais que, na maioria das vezes, possuem a enorme dificuldade de dizer "não".
Segundo, porque todo mundo quer ser famoso um dia, e muitos pais descarregam esse sonho sobre seus filhos...
Acho que usá-las em comercial seria interessante desde que elas tivessem consciência e opçãod e escolha. "Sim, eu quero" ou "Não, não aceito"...
Chega de fazer dos seres humanos eras marionetes... não é mesmo?
Acho incrível que para algumas pessoas é mais fácil deixar a televisao criar seus filhos do que realmente ensiná-los. Em vez de resolvermos a questão dos valores humanos na nossa sociedade em que os pais nao tem tempo para os filhos e nem para ter filhos, a soluçõa mais palpável para o problema é deixar que a televisao cuide de tudo.
O QUE SERÁ DA PROGRAMAÇÃO INFANTIL????
Quem sabe agora as crianças possam brincar no quintal para resgatar a infancia tradicional, ao inves de serem sequestradas e mantidas em cativeiro pela televisão.
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