sábado, 14 de março de 2009
É proibido reprovar!
Em 1996, as escolas da rede estadual do Estado de São Paulo ficaram proibidas de reprovarem seus alunos. O argumento? Diminuir a evasão escolar. Depois, outros Estados resolveram fazer o mesmo. Talvez para o sistema educacional aparecer bonito anos depois em estatísticas ilusórias de desempenho da educação brasileira - em se tratando de aprovação, é claro. Só sei que nunca fui a favor desse projeto.
Já paguei por ter sido vagabundo (isso mesmo) durante um ano letivo no ensino fundamental. Fiz a 5ª série novamente porque tinha preguiça de estudar, só levava as coisas na brincadeira. Isso foi em 1994, após ter completado 12 anos de idade. Eu já havia perdido um ano por ter entrado com atraso na escola e a situação se agravou mais ainda. Apesar de ter aprendido a ler praticamente sozinho aos cinco anos por meio de gibis, tive meus momentos precoces e também tardios.
Mas nada foi tão traumatizante e ao mesmo tempo motivador do que ter que repetir o ano. Aprendi muitas lições com isso. Não estou querendo dizer que ter repetido o ano foi um mérito pra mim. Pra ser sincero, tenho até vergonha disso. Mais vergonha ainda senti dos professores da época, que me consideravam um aluno exemplar. Após isso também não fui o primeiro da classe e nem era o considerado santo. Comportamento normal.
Agora, por causa de uma tal de progressão continuada, os alunos não podem mais reprovar. Tadinhos deles. Vai atrasá-los na escola se reprovarem. Resultado disso: o analfabetismo funcional. O que se vê de gente escrevendo errado com o ensino médio completo não é brincadeira. E isso se estende para o curso superior. Isso quando esse aluno se preocupa em cursar uma universidade.
Há teóricos, pedagogos e pais que aprovam o sistema. Utilizam vários argumentos em defesa. Mas os argumentos de quem é contra ainda são maiores. E por incrível que pareça, tem até mãe querendo acabar com isso com o argumento de que o filho não aprende nada e sai da escola mais burro. Culpa dos professores? Em parte sim. Mas sou a favor da frase que diz que a escola é o aluno quem faz. E isso ganha mais força ainda no ensino superior.
Contudo, fico feliz em saber que tem alguns lugares que já perceberam que isso é a maior besteira e estão fazendo de tudo pra voltarem a ser como era antes. A cidade de Várzea Paulista , no interior de São Paulo, acabou com a progressão continuada. Ou seja, se não alcançou a média está reprovado. E ponto final. É no mínimo o correto.
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Um comentário:
Eu repeti a primeira série do primário. Não tenho vergonha não, afinal de contas, realmente não estava preparado para o próximo passo. Depois nunca mais perdi um ano, por mérito próprio.
Esse negócio de progressão continuada foi a coisa mais ridícula e anti-educacional já criada. A criança que não aprendeu nada, vai sendo empurrada aos novos níveis, onde por falta de base, deixa de aprender mais alguma coisa.
Depois o povo se queixa da falta de educação que assola nossa pátria, mas muitas famílias acham vantajoso o fato de seus filhos não correrem o risco da repetência.
Sem mais,
Abraço, nobre Quixote!
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