quarta-feira, 8 de outubro de 2014

LEMBRANÇA DAS CANELAS BRANCAS



24 anos separam essas duas imagens. A primeira foi postada há alguns meses em uma página de fotos antigas de Manaus, no Facebook, e que foi extraída deste blog. Devo confessar que ao ver essa imagem, fiquei emocionado. Isso porque ela registra o local, pouco menos de 1km da casa onde passei a minha infância, cresci e onde vive hoje a minha família.

Observando a foto, passou um filme pela cabeça. Lembro de tempos difíceis, onde tudo era conseguido com muita dificuldade. Trago comigo marcas dessa época. Quando eu tinha que andar muito, no meio da poeira, para pegar a única linha de ônibus que passava próximo (hoje existem várias sem precisar andar tanto). Poucos carros se arriscavam a passar nesse trecho, principalmente nos períodos de chuva. Os que arriscavam, ficavam atolados no caminho.

Mas ao mesmo tempo, lembro com saudosismo como soube aproveitar a infância. Meus pais, mesmo com as dificuldades daquela época, não me privaram de ter uma infância como qualquer outra criança.

Já joguei muita bola nessa estrada de chão. Quantas vezes precisei voltar a tomar banho porque levava bronca por causa das canelas brancas. Sabe o barro quando seca porque não foi esfregado direito? É isso.

Vi quando essas máquinas chegaram e trabalharam por quase um ano na pavimentação da pista. Ficava impressionado com tudo e simulava o funcionamento delas em minhas brincadeiras, no quintal.

Vi a mata que existia rente a estrada dando lugar a fábricas, postos de gasolina, conjuntos residenciais. Vi este lugar ser tão longe do centro da cidade. Hoje nem é tanto...

Tem muita coisa hoje que ainda está preservada. Algumas poucas casas ainda são iguaizinhas. A maioria deu lugar a novas construções, estabelecimentos comerciais. Mas a memória daquele ambiente rústico, porém calmo e tranquilo ainda está viva na memória dos primeiros moradores. Alguns ainda estão lá, entre eles, meus pais.

É  a memória que nunca é apagada e fortalecida quando se vê em imagens como essas. Serve também como reflexão. Valorizo essa origem, o esforço dos meus pais, a dedicação que eles sempre tiveram comigo.

Foram tempos difíceis, de vida simples. Mas dou valor a cada centavo suado que foi investido em mim, o que me dá mais força ainda pra continuar em minha caminhada.

Não vou dizer que sinto falta dessa época. Mas preservo a lembrança e dou a devida importância.

Um comentário:

Paulinh@=) disse...

Ahn... as lembranças... as minhas são de joelhos ralados, perna quebrada em um Natal, cortes que deveriam ter sido suturados e não foram... mas que cicatrizaram mesmo assim... haha

A evolução e as mudanças acontecem... e nos atropelam... atropelam todos os nossos bons momentos da infância com uma simples camada de asfalto, como que se enterrassem tudo o que ali foi vivido... mas as memórias... não, essas não se apagam... as memórias das canelas brancas... essas não te abandonarão...